quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Questões existenciais da sociedade

Há coisas que não compreendo…
Olha-se para a televisão e só se vê gente a manifestar-se. Questiono-me, eles são mesmo muitos a reclamar ou o jornalismo é que foca a objectiva amplificadora e mostra mais do que o que é?
Bem, não sei.
Só sei que em poucos segundos vi:

- Nos Estados Unidos as pessoas manifestam-se contra a inclusão dos “gays” no Exército.
Eu pergunto-me:
Se os detentores de ódio contra lá o que seja, não gostam de “gays”, porque é que não mandam os gays todos para o Exército? Era manifestarem-se ao contrário! Não só deviam abanar cartazes a exigir que os gays fossem todos para o Exército, como deveriam sugerir pô-los todos na linha da frente da infantaria! Mas não. Esta gente nem odiar sabe. É tipo “ah e tal, esses possuídos pelo diabo (sim que nos US existe uma qualquer crença de eleição divina das suas fronteiras e das suas gentes que por sua vez despoleta a crença num oposto diabólico que os quer destruir) vão todos arder no Inferno!”. Ora, existe maior Inferno que a guerra? É que assim de momento não me está a ocorrer nada pior… Mas enfim, a ânsia de querer demarcar bem a primazia moral (e outras com certeza) dos Straight (por uma questão de coerência se adoptamos a palavra “gay” também deveremos adoptar o estrangeirismo “Straight”) até para o sofrimento só os Heteros é que têm direito...

- Em França as pessoas queimam pneus (e outros afins) porque a idade da reforma subiu dos 60 para os 62 anos.
Eu pergunto-me:
Mas o que se passa na cabeça desta gente? Estão à espera de quê? De envelhecerem eternamente e manterem uma população produtiva em menor número a suster uma massa demograficamente envelhecida em permanente crescimento? Mas faltam balanças em casa é? As pirâmides etárias estão a mudar! E as sociedades que se estão a desenvolver como as Ocidentais terão de alterar os seus esquemas relativamente ao que é a 3ª idade se querem manter-se sustentáveis. Isso sim, vai ser uma nova revolução! E bem que podem queimar todos os pneus porque a roda terá de ser reinventada…
Enfim, alarido por alarido, mais valia aumentar logo para os 67 anos. Será inevitável e já que as pessoas são resistentes a esta mudança de 2 anos, não me parece que 5 ou 7 fosse piorar muito a situação…afinal os pneus eventualmente acabam-se.

- Em Espanha também se manifestam.
Não percebi bem porquê, mas não me perguntei nada…

- Em Portugal tudo está pacifico. As pessoas queixam-se mas ninguém se manifesta.
Se por um lado vejo as noticias e assisto a manifestações que só me faz pensar que o ser humano exibe comportamentos que me leva a questionar a sua racionalidade, por outro, passo nas lojas das Vias Verde antes das 8h da manhã e está uma fila de pessoas que dão a volta ao quarteirão à espera que a loja abra. Pacificamente à espera ainda que a maldizer o governo e as suas vidas.
E eu pergunto-me:
Mas não há pneus em Portugal? Nem cartazes que abanem? É que eu não percebo o que se passa… Será civismo? Por um lado acho isto muito cívico. A população é adepta do diálogo (ainda que se expresse mais no vulgar queixume ou inúteis debates televisivos do que na comunicação construtiva) e não da violência estúpida. Por outro lado… Será conformismo? Seremos tão mansamente comodistas que mesmo não querendo aceitamos? Seremos culturalmente um povo passivo que raramente age sobre o seu meio? Não sei. Só sei que temos pneus, mas a queimar, só mesmo as florestas no Verão.

4 comentários:

marigold disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
marigold disse...

Os americanos, ao contrário de nós, recorrem de forma abusiva à lei, às indeminizações, à justiça e não quer dizer que tenham mais sorte por isso, simplesmente são questões culturais. Há quem tenha noção dos seus direitos e deveres e pisando o risco ou na iminência de pisarem o risco accionam imediatamente os planos de acção. Não sou contra mas gosto mais de ver um espírito mais livre, mais flexível. Se erramos, erramos todos e talvez fosse melhor dialogarmos como primeira abordagem antes de avançarmos para a legal. Em Portugal somos de brandos costumes. O mau é não irmos votar e não nos impenharmos tanto na vida activa comunitária. São os dois pontos menos positivos de uma postura que pode ser chamada do "quero lá saber". Anyway, os que queimam pneus em França deviam era ser presos por atentado ambiental. Os pneus são altamente tóxicos e fazem mal ao ambiente. E o ar ainda é de todos, por isso acho mesmo que as pessoas deviam manifestar-se decentemente e serem punidas se tal não acontecesse. Como na Dinamarca quando estacionas o carro fora das marcas.

É que não basta reclamar. OU melhor interessa pouco se se reclama muito ou pouco. Depois o que interessa é o que é que se faz a seguir. Tomam-se medidas? Faz-se realmente algo para mudar o estado das coisas? Porque as medidas não são fechadas em si, advêm de um longo percurso que teve muitas variáveis. Será que nesse percurso nós não teremos contribuido para alguma variável? Temos que pensar e não reagir como se tivéssemos 3 anos.

Arine disse...

Eu infelizmente só consigo pensar (e, pior ainda!, neste caso concordar) que "o governo é o reflexo de um povo".

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marigold disse...

É o que o meu pai costuma dizer sempre quando vê as pessoas a queixarem-se....